quarta-feira, 15 de junho de 2011

E a casa, muito engraçada, que cara vai ter?


Bueno. Depois de 17 anos fora da casita de papi e mami, posso afirmar que agora, finalmente, poderei dar uma cara pra chamar de minha pro novo lar.

Pero, antes de falar da que virá (e já está montadinha na minha cabeça e vários móveis estão estocados no quarto), bora relembrar as antigas... rá!

O estado provisório-permanente era tão- tão- tão- tudo- junto- misturado que durante a faculdade, lá pras bandas de Santa Cruz do Sul/ RS, eu juntei o que sobrava na casa dos meus pais e meti no ap, tentando dar alguns toques pessoais com fotografia, plantas e muita, muita bagunça e só. Só comprei mesmo umas estantes de plástico vagabas. Em Salvador, quando fui morar sozinha (segunda moradia), ganhei uma geladeira vermelha das antigas da minha querida amiga Baque, um colchão de solteiro e escrivaninha da Meire, e um fogão emprestado. E cometi a maluquice de transportar do sul pra Bahia as estantes caquéticas vagabas de plástico. Porque gente, de maluquice, eu entendo bem! hehehe Esse jeito- descolado- pronto- para- partir nunquinha (nem agorinha) foi facilitado pelo processo de desapego. Pense numa pessoa que adora guardar tuuuuuuuuuuuuuuudo e carregar consigo??? Sabe doido de rua, que anda cheio de bolsas, sacolas, objetos pindurados, soy yo.

Em Salvador, as primeiras compras foram de um guarda-roupa pequeno e vagaba, 1 estante de escritório (‘liiiiiiinda’), 1 fogão e comprei a coisa mais cute-cute!!! Um puff inflável vermelho, amarelo e azul. Tudo isso depois de 2 anos morando na city. E já era a minha 5a. casita... e foi quando o meu devir 'designer de interiores' começou a germinar. Juntei a canguice, a dureza, a ciganice, a ecologice e comecei a 'decorar' as caixas-arquivos (sim, aquelas horrorosas, de papelão) com folders do Banco do Brasil. hehehe Imagine a cena, a louca da reciclagem catando tudo quanto é propaganda amarela e azul para decorar as caixas e catando outros tantos panfletos vermelhos pra decorar também, assim como verdes... pois é. E assim, fui dando uma cara, a minha cara, claro que acompanhado da geladeira vermelha cuja porta era presa por um elástico, a escrivaninha e agora de um colchão de casal, presenteado por Meire que me ofereceu a segunda casita em Soterópolis. E, ai, que injustiça, claro que estas casas sempre foram recheadas de objetos de lua, estrela, anjos, velas, alguns comprados e outros presenteados, sendo que muitos ainda me acompanham!

Quando mudei pra Santo Amaro da Purificação, em 2002, carreguei tudo comigo. Mas tive que desapegar da geladeira, escrivaninha, colchão, do meu filho computador que nem ligava mais direito, do guarda-roupa quando me mudei, ainda em 2002, pra Vitória da Conquista. Só o fogão viajou... e eu snif, snif. Mas digo, só o fogão, obviamente que estou sendo injusta, porque meu caso de amor com papel é algo surreal. Textos, apostilas (e provas, trabalhos) da época da facul eram quase que apêndices do meu corpo. Junto com os poucos livros e tantas fotografias, cartas, cartões e poucos cd´s. E com as luas, estrelas... hehehe E aquele estante 'linda' de escritório também... E CLARO QUE O PUFF INFLÁVEL QUE EU NÃO DEIXAVA NINGUÉM SENTAR TAMBÉM FOI PRA CONQUISTA!!! ORA!!! HAHA

Em Conquista, depois de uma breve estadia na casa da amiga Baque, que quase rompeu a amizade porque eu não levei a geladeira vermelha de guerra (gente, ninguém mais queria carregar a bichinha de tão pesada que ela era!), fui brincar de casinha e de casada numa bela casa, com 3 quartos (1 suíte), 2 salas, cozinha americana, jardim de inverno, jardim externo, área dos fundos com 2 quartos, lavanderia e uma pequena horta. Pensou que a canguice velha de guerra me abandonou? Que nada!!! Mesmo casada, com grana, ‘intuia’ que aquela moradia seria provisória, e eu tinha tantas viagens e livros pra comprar, que não iria perder tempo e dinheiro com decoração, a coisa mais burguesa da vida. hahaha Juntei os meus cacarecos com os dos ex, comprei o mínimo possível (um colchãozinho de casal meia boca), a menor e mais barata geladeira, um armário mais decente pros livros e pronto. Por sorte a casa tinha armários nos quartos. E o ex levou os cacarecos dele, precisando só comprar um sofá-cama (mais vaga impossível). E ainda tinha aquele conjunto de jantar de plástico. Só o puff velho de guerra enfeitava. E no jardim de inverno tinha até bonsai (obviamente não cuidado por mim e minha delicadeza de jegue). A sorte era que a casa por ser tão fofa ofuscava a décor pra lá de feia. Gentem!!! E foi aí que pintei e fiz pátina em uma cômoda horrorosa que o ex insistiu em colocar na casa. Pois é... Luanita e seus talentos decoracísticos! hahaha

Mas aí, minha gente, veio a separação e com ela o desejo de montar um cantinho mais minha cara, sem tanto plástico. Comprei a primeira cama, em 2004 (detalhe, só tive a primeira cama na Bahia, depois de estar 3 anos morando por lá...), um guarda-roupa grande, branco e caaaaaaaaaaaro, custou quase mil reais!!! Viu, canguice tem cura, minha gente!!! Comprei mesa, banqueta, bicama, quadros de Van Gogh, Monet em lojinha de 1,99 (que ainda moram comigo), quadros pintados por usuários do Caps onde trabalhava. Só não pintei meu quarto de azul porque sabia que aquela seria uma casa provisória... E adorava o fato das aberturas das portas serem vermelhas... E aí vem a encrenca.

Gostei da brincadeirinha de casa- de- solteira- só- minha- muito- minha. Mas deu tanto trabalho, tanto, mas tanto... o que fazer com as minhas coisinhas e tudo o que elas simbolizavam quando tive que deixar o ap antes mesmo de saber o resultado do mestrado no ISC? Ai gente, sofri demais, me senti sem chão e pulei de casa em casa, minhas coisas também, acompanharam e resistiram (não sem alguns arranhões). O meu reencontro com as minhas coisinhas só se deu 1 ano depois, em janeiro de 2007, depois das tais 5 mudanças em 2006, quando retornei a Salvador. A moradia no caminho de São Lázaro bateu record: 2 anos, 1 mês e alguns dias de permanência. E juro que se tivesse permanecido em Salvador, eu teria comprado aquele ap, pois já não suportava mais mudar!!! E se esse ap falasse... aff! Bem, passou por vários mudanças, fiz algumas compras (até coloquei cortina!) e em alguns momentos ele teve a minha cara, com os móveis brancos e tudo o mais seguindo as cores do puff vermelho, amarelo e azul (que mora ainda comigo no Rio), agora não mais inflável, mas de courino, que mandei fazer. Sim, já tinha sentido a necessidade de compor a casa com a minha cara e o duro foi quando a casa deu a cara da minha vida turbulenta...

E aí, a velha cigana, cansada de carregar seus cacarecos, fecha um ciclo de 10 anos na Bahia e parte rumo a terra de Gentileza e Estamira, em fevereiro de 2009. E eis que chego aqui já com casa alugada, mobiliada, tudo para facilitar a partida depois de 2 anos do doutorado, 1 ano na Espanha e outro onde rolasse. A intensidade das mudanças (sim, a maioria dos móveis foram vendidos, doados, e tantos outros ados) apontava para a busca de uma maior leveza, mas tem coisa mais estranha do que habitar a casa dos outros com seus móveis??? Aff, procurei colocar meus quadrinhos (os mesmos de 1,99 de Conquista, do CAPS), minhas fotografias e penduricalhos pra dar uma cara mais minha. Nos primeiros meses não queria investir em nada, quase nem tocava nas paredes pra não correr o risco de ter que gastar dinheiro com a pintura ao sair (aquela saída certeira pra Espanha). Mas fui obrigada a comprar uma estante pros livros (de marfim, tão não minha cara), um armário pra cozinha. Eles mudarão comigo pra casa nova, mas ganharão roupa nova, claro de bolinha... hahaha

E o mais curioso de tudo foi que sempre eu me apaixonava pelas casas antigas, pelos móveis antigos, pesados de madeira... mas aí já é história para outro (s) post (s). Aguarde as cenas dos próximos capítulos (tenho que trabalhar, ora!)...

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