quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poesia de vento

Escrevi uma letra para a música que o vento fez

Quando anunciou a chuva de ontem.

Gravei meu quintal em sonho

Para o dia que ele não for mais quintal de ninguém.

***

Estudei fora e dentro de mim

Só não fiz dever de casa

Eu nada devia.

***

Ganhei de aniversário uma vida, mas ficou pequena

Troquei por outra, dois números maior.

***

Fotografei o cheiro de feijão no fogo

Passei perfume na flor sem cor

Desenhei a risada da minha filha num papel de pão

Aqueci a foto da minha mãe no peito

(Ou foi ela que me aqueceu)

Deitei no colo do meu filho

Chamei-o de pai

Ele sorriu

Sabe que já foi meu pai.

***

Beijei o passado, flertei com o futuro

Casei-me com o presente.

Formei-me cedo, tive filhos tarde.

Não vi a hora de ser feliz.

***

Entrei no Messenger, Deus não estava online.

Atendi o telefone, era eu mesma

E não era engano.

***

Fiz sopa de palavras no jantar

Estava com tanta pressa

Esqueci de por os pontos finais.

***

À meia-noite, fingi que dormia

E deixei a Cuca me pegar.


Silmara Franco


http://fiodameada.wordpress.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

Leve e forte

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.

Clarice Lispector

Sonhos

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Corpo em flor: ah, é primavera!






Seja feliz...

http://bichinhosdejardim.com/

Uma noite em 67




Foi uma delícia assistir o documentário, de Ricardo Calil e Renato Terra, que retrata um dos mais importantes festivais de música brasileira (numa época em que a TV não tinha sido invadida por sucessos de mulheres frutas, etc).

E pelo visto, eu era um bebezinho no cinema! O que tinha de gente cantarolando as canções com todo volume-que-não-se-pode-cantar-no-cinema, 'não tá no gibi'! Gente que viveu a efervescência da MPB, as 'turbulências' da tropicália, etc.

Eu, que sempre achei que nasci no tempo errado, me senti sincronizada... ainda mais ouvindo Chico cantando "Roda Viva", que é uma das minhas músicas preferidas! Ele, lindo como sempre, claro! E Caetano, com toda a sua baianidade? Como ele pode ter ficado tão chato? Chatices à parte, mas eu continuo curtindo "Alegria, alegria" (e ele como cantor, também...), que ele tenta se desvencilhar... E Gil, minha gente? Tava chapadaço e quase não foi ao festival!!! Tão lindo vê-lo nervoso cantando a belíssima música "Domingo no parque", acompanhado com nada mais, nada menos do que a galera boa dos Mutantes! E mais lindo ainda vê-lo agora falando de sua agonia no dia e com o processo de construção da tropicália, que o levava a posições estanques e desintegradoras que não o agradavam. Na boa, Chico e Gil continuam fantásticos! Caetano... la ele!!! E ainda tem a graça do Rei e de Edu Lobo, vencedor na 'corrida de cavalos'!

Se eu fosse jurada, iria ficar na maior dúvida!

Interessante pensar também o quanto aquele momento era atravessado pela ditadura, embora o filme não tenha evidenciado isso... a intensidade do festival precedeu o período do exílio de Chico, Gil e Caetano. Motivo pelo qual os três falam do festival com um misto de emoções...

Apesar de uma certa linearidade no modo de abordar o festival, eu adorei o filme! Muito interessante conhecer os bastidores, as percepções sobre as disputas de estilos (vale guitarra elétrica ou não?), entre outros. Recomendo!!!

5 x favela- Agora por nós mesmos


Foto da duplinha fofa do episódio "Arroz com feijão"


Remake? Despolitização? Exploração? Que outros ão? Tanto burburinho sobre este filme me levou ao cinema para assisti-lo, há 2 semanas.

O filme foi realizado por jovens moradores de favelas do Rio, através de oficinas de roteiro em comunidades, produzidas por Ruy Guerra, Walter Salles, etc, como contraponto ao filme de 1962 do Centro Popular de Cultura, realizado por 5 jovens cineastas de classe média.

Está organizado em cinco episódios que, ao invés de reforçarem estereótipos e preconceitos, mostram o cotidiano dos moradores de favelas, evidenciando a alegria e o bom-humor, sem escamotear a violência, as diferenças de classes, etc. Tem trechos interessantes e engraçados, como no primeiro episódio "Fonte de renda", direção: Manaíra Carneiro e Wagner Novais, em que o 'playboy' da zona sul sacaneia o 'favelado' por tirar onda de 'fodido', embaralhando os papéis estanques de vítima e algoz. Como também ocorre no segundo episódio "Arroz com feijão", direção: Rodrigo Felha e Cacau Amaral, em que os garotos da favela labutaram para ganhar cincão para comprar um frango e foram roubados por meninos ricos. Aliás, este episódio me fez dar boas gargalhadas (sim, daquelas que ecoam no cinema!), assim como o último episódio "Acende a luz"- Direção: Luciana Bezerra que mostrou o retetê do dia e noite de natal em que faltou luz na favela, mas não faltou reinvidicação, integração e diversão. O quarto episódio "Deixa voar"- direção: Cadu Barcellos me mostrou a importância cultural da pipa no RJ, que eu não fazia ideia, e como a divisão territorial de dominação das facções do tráfico divide a população, estabelecendo fronteiras, entre outras coisas. E o terceiro... "Concerto para violino"- Direção: Luciano Vidigal, deu um certo embrulho no estômago por causa das cenas de violência, mas não caiu no clichezão do bandido e mocinho, mostrando a polícia embaralhada com os traficantes da área. Eu bem que queria não teria ouvido nenhum tiro e nenhuma cena de violência, mas isso seria a Poliana que mora em mim operando...



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Dia internacional das pessoas perturbadas







Não me importo se você lambe as janelas, ande num ônibus especial ou então, ocasionalmente voce se comporta como um louco...

a vida é curta,

quebre as regras,

perdoe rapidamente,

beije lentamente,

ame verdadeiramente,

ria sem controle

E nunca se arrependa de coisa alguma que te faz sorrir.


A vida pode não ser uma festa que sempre esperávamos, mas enquanto estamos aqui devemos dançar.


Imagens e texto enviados por LudSmiles!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Feminismo a la Mafalda

400 contra 1






Faz cerca de um mês que vi este filme e somente agora parei para escrever sobre ele. O motivo? Acho que eu ainda não engoli direito... é o tipo de filme que me despotencializa e me deixa desacreditada...

O filme conta a história da criação do Comando Vermelho, no final da década de 70, a partir da trajetória e do testemunho de William da Silva Lima (Daniel de Oliveira), um dos poucos sobreviventes do grupo original. Com ele, pudemos acompanhar os bastidores do movimento, tanto no presídio, principalmente na luta pelos mesmos direitos dos presos políticos, como pelos assaltos espetaculares ou ainda, com sua vida amorosa intensa com Tereza. (Aliás, nunca imaginei que Daniela Escobar pudesse dar tanta vida a esta personagem! Ela tá 'espetaculosa'!)

Mas o que me embrulhou o estômago são as cenas de violência, as disputas de poder, o posicionamento escroto dos presos políticos, a organização do crime, a ousadia de 1 lutando contra 400... a covardia de 400 contra 1...

Enfim... acho válido assistir e ver o que ele afeta! Vale a pena conhecer a versão do 'criminoso' e não da polícia... e problematizar a organização de um movimento tão forte e que fabricou 'heróis'.

Direção: Caco Souza - 2010
Elenco: Daniel de Oliveira, Jonathan Azevedo, Jefferson Brasil, Anderson Muller e Branca Mellisa.