sábado, 28 de agosto de 2010

O tempo é o meu lugar


A ilusão da casa

Rubi

Composição: Vitor Ramil












As imagens descem como folhas

No chão da sala
Folhas que o luar acende
Folhas que o vento espalha

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa

As imagens descem como folhas
Enquanto falo


Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei


As imagens se acumulam
Rolam no pó da sala
São pequenas folhas secas
Folhas de pura prata

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens se acumulam
Rolam enquanto falo


Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei


As imagens enchem tudo
Vivem do ar da sala
São montanhas secas
São montanhas enluaradas

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens enchem tudo
Vivem enquanto falo


Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei



http://www.youtube.com/watch?v=SULtGZ1KbaY

A natureza do olhar


Belo encontro de Pessoas:
- Caeiro e Álvaro de Campos;
- Elisa e Geovana;
- Lua e Leo;







Este espetáculo é uma belíssima interpretação das obras de Fernando Pessoa, através do inquientante e sensível encontro dos poetas Pessoas: Álvaro de Campos (Elisa) e Caieiro (Geovana). O desespero e racionalidade do primeiro são 'desassossegados' pela simplicidade, singeleza e sensibilidade do olhar do segundo sobre a 'natureza' humana... olhares que se encontram, se atravessam e alongam nossos olhares sobre a vida. Lindíssimo! Que potência de encontro entre forças tão diferentes, de olhares e modos de experenciar a vida!

Consegui assistir o espetáculo no último final de semana da temporada no Rio, em julho. Mas em março, deve retornar aos palcos cariocas, após a licença maternidade da Geovana, atriz que me encantou encarnando a pureza de Caeiro.

'Vale a pena ver de novo' e no ano que vem estarei lá... oxalá!

Ficha Técnica
Texto: Notas para recordação de meu mestre Caeiro, de Fernando Pessoa
Atuação, pesquisa e adaptação: Elisa Lucinda e Geovana Pires
Supervisão: Amir Haddad
Visão: Daniel Rolim
Cenário e Figurino: Colmar Diniz
Iluminação: Djalma Amaral
Direção Musical: Carlos Malta
Coordenação Geral do Projeto: Geovana Pires
Projeto Gráfico: David Lima e Bruno Cachinho
Produção Executiva SP: Amália Tarallo
Realização: Casa Poema

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A origem



Vagamos pelo mundo esbarrando em nossas projeções: assombrações do passado e do desejo - Contardo Caligaris


Ação? Suspense? Drama? Romance? Ficção?





Quando vi a sinopse do filme, confesso que torci o nariz por ser um tipo de ação que não me interessa e ainda mais com o bonitinho Leonardo DiCaprio.

Preconceito puro!!! Talvez Titanic tenha sido um erro na carreira dele, como disseram por aí...

Na medida que ouvia e lia comentários sobre o filme, passei a ficar curiosa e resolvi assistir no último final de semana e sinceramente, sem exageros, acho um dos melhores filmes dos últimos tempos!!! FAN-TÁS-TI-CO!!!

Na vibe de Matrix e de Brilho eterno de uma mente sem lembrança, este filme aborda a construção da realidade de um modo que me deixou em suspensão e totalmente vidrada na tela, tamanha imersão no 'sonho do sonho do sonho do sonho'... em um labirinto que a priori parecia ser bem planejado e sem furos... mas que era pura inspiração em Escher!!!

E afinal, o que é realidade mesmo?

Incrível pensar como fabricamos lembranças, na potência dos sonhos para denunciar nossas artimanhas para lidar com experiências que machucam, deixando marcas, culpa e o desejo de reparação que transbordam gerando vários desdobramentos... Essas são algumas possibilidades de análise que o filme coloca, mas há tantas outras... Vale a pena ler o que o psicanalista Contardo Caligaris escreveu a respeito em http://contardocalligaris.blogspot.com/2010/08/origem.html

E aí, o pião parou ou não?

Como diria Raulzito: "Sonho que se sonha só, é só um sonho que sonho que se sonha só. Sonha que se sonha junto é realidade".

Corpo em flor 3

Corpo em flor 2

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Esquadros

Pela janela do quarto, eu vejo tudo enquadrado, remoto controle...

Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
Adriana Calcanhoto



Vida na concha 2

Pessoinha

      “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

      Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.

      Mas porque a amo, e amo-a por isso,

      Porque quem ama nunca sabe o que ama

      Nem por que ama, nem o que é amar...” Caeiro

Perfilando entre galhos



Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200809010941

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Utilizando a Sabedoria de Vida

A Rainha de Copas surge como arcano conselheiro neste momento de sua vida, Lua, chamando sua atenção para a importância de utilizar a sabedoria das experiências vividas em sua existência neste momento. A vida humana é, na maioria das vezes, uma roda incessante de repetições. É quando finalmente paramos para entender melhor o que tanto se repete em nossas existências que é possível dar um salto e amadurecer. Acima de tudo, procure escutar as pessoas ao seu redor, não necessariamente para segui-las, mas para entender melhor o ponto de vista delas.


A Rainha de Copas também vem lembrar que a maior parte de seus problemas neste momento pode ser superada a partir de uma atitude persistente, paciente e prudente. Há momentos em que a melhor estratégia é a indireta, sem confrontos objetivos. Siga “comendo pelas beiradas” e você terá mais sucesso do que se tiver muita pressa.

Conselho: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.


Os famosos e os duendes da morte

Assisti este filme no festival de cinema universitário que rolou na Caixa Cultural- RJ no início de agosto. E, ao contrário do que Aurelius falou, achei o filme muito fofo! Que estética!!! Imagens e sons incríveis! Lindo demais!

Fiquei muito emocionada durante o filme e o bate-papo que rolou com o diretor, principalmente porque o filme reavivou diversas memórias da minha história de vida, principalmente da minha infância e adolescência. O filme foi gravado na região do Vale do Taquari, onde fica Boqueirão do Leão, minha terrinha e os atores são moradores da região. Cada figura!

Achei incrível como o filme aborda modos de subjetivação contemporâneos engendrados pelas novas tecnologias, que imprimem a conexão full time em um lugar onde o tempo demora para passar e parece estar em outra época!

Será que eu fui uma Emo dos anos 90? Me lembro de diversos estranhamentos que experimentava, de questionamentos parecidos com os do protagonista do filme... Na minha adolescência eu adora contemplar a natureza, mudava de quarto pra ver a lua cheia, escrevia poemas, músicas e fiz vários amigos por correspondência! Eita tempo gostoso aquele em que esperava dias, semanas e até meses para receber uma carta de um novo amigo! E as minhas longas cartas, que nunca tinham menos do que 10 páginas?

Também me emocionei ao ver a relação entre os jovens e os idosos, atravessada por dificuldades de comunicação, etc. Como não lembrar dos meus avós e de minha mãe falando em alemão para que nós não entendêssemos o que estavam falando?! Na conversa com o diretor, me dei conta de que os dialetos alemães estão morrendo, porque a tradição oral não tem sido transmitida às novas gerações. Eu sou um belo exemplo dessa ruptura, pois me recusei a aprender a falar em alemão por não querer falar 'erado' o português... ai ai quanto arrependimento!

O diretor, Esmir Filho, muito conhecido pelo curta "Tapa na pantera", paulistano urbanóide, se enfrunhou no interior do RS, nos vários sentidos de interior e conseguiu produzir um filme de uma sensibilidade impressionante, baseado no livro de mesmo nome, cujo autor é o protagonista do filme. Foi emocionante demais ver minha região e a cultura singular ganhando visibilidade através do cinema, circulando por vários países. As diversas fotos e vídeos que aparecem (e encantam) de uma garota lindíssima que habita o coração do personagem principal foram produzidas antes do filme acontecer e Esmir teve acesso a elas através de seu flickr na internet. Afinal 'estar perto não é físico'!

Enfim, filme para rever, pra ter em casa e usar em sala de aula pra promover debates potentes!


Totalmente 'out'ista

Enquanto algumas pessoas vão à academia (aquela pra fritar as banhas e não a de fritar os miolos) em busca de interação, com o interesse de fazer amizades (o que julgam ajudar na adesão à malhação), yo estou me superando no meu 'out'ismo. E olhe que nem uso fone de ouvido (como se eu precisasse disso...)! But o mais interessante tem sido operar seguindo a lógica da repetição criadora e perceber as mudanças microscópicas diárias em busca de maior consistência, firmeza e prudência, sem perder a leveza (aliás, investindo fortemente nela!!!) e a potência dos desvios nas regularidades... Ueba!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O segredo dos seus olhos

Depois de vários meses de enrolação (a vida tava tinindo de atribulada...), finalmente consegui ver este filme, ganhador do Oscar de melhor Filme Estrangeiro de 2010 ( foi logo após ter cortado minhas madeixas e me livrado da Maria Bethânia grudada em mim). Nunca curto assistir um filme que está sendo muito comentado, mas alguns comentários de Ângela me intrigaram... e eis que, enfim, assisti e, claro, adorei o filme! Belíssimo!

O filme aborda temas punks como assassinato, estupro, diferença de classe, de modo sensível, sutil, ressaltando a expressividade dos olhos e de olhares atravessados por histórias que misturam o tempo presente e passado, em que Benjamin Esposito, após se aposentar como policial investigador, decide escrever um romance a partir de um crime bárbaro que marcou a todos, acontecido há 25 anos. Em alguns momentos eu ficava confusa, sem saber em que tempo estava se passando, efeito bacana da memória que fabrica lembranças embaralhando-as.

Ao invés de ser um clichezinho policial, o filme aborda o amor, suas interdições, seu potencial de vida e de morte, suas forças e fraquezas, sonhos e medos... O filme argentino no finalzinho escorrega a la hollywood, mas isso não compromete a sua beleza!

FICHA TÉCNICA
Diretor: Juan José Campanella
Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil, Pablo Rago, Javier Godino, Guillermo Francella, José Luis Gioia, Carla Quevedo, Bárbara Palladino.
Produção: Mariela Besuievski
Roteiro: Juan José Campanella, baseado no romance La pregunta de sus ojos de Eduardo Sacheri
Fotografia: Félix Monti
Trilha Sonora: Federico Jusid e Emilio Kauderer
Duração: 127 min.
Ano: 2009
País: Argentina
Gênero: Romance
Cor: Colorido
Distribuidora: Europa Filmes
Classificação: 16 anos

Vida na concha









Sai deste corpo que não te pertence!!!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A tesoura do desejo passou por aqui...


-O que é que houve?
-O que é que há?
-O que é que houve meu amor,você cortou os seus cabelos?
-Foi a tesoura do desejo,
Desejo mesmo de mudar!

Quem tem medo do lobo mau?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Onde eu NÃO gostaria de estar agora

E eu ainda tenho que responder o porquê saí do sul pro nordeste...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dispersão e confusão entre sonos e sonhos


    Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
    Mas, quando despertei da confusão,
    Vi que esta vida aqui e este universo
    Não são mais claros do que os sonhos são

    Obscura luz paira onde estou converso
    A esta realidade da ilusão
    Se fecho os olhos, sou de novo imerso
    Naquelas sombras que há na escuridão.

    Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
    É a mesma mistura de entre-seres
    Ou na noite, ou ao dia transferida.

    Nada é real, nada em seus vãos moveres
    Pertence a uma forma definida,
    Rastro visto de coisa só ouvida.

    Fernando Pessoa, 28-9-1933.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Abajo la sierra barriguda!

Se 'tudo o que move é sagrado e remove as montanhas com todo o cuidado'...

bora intensificar a 'operação- acabar-com-as-banhas' para ter uma circunferência abdominal mais saudável e gostososa de se ver!!!

Abajo la sierra barriguda já!

domingo, 1 de agosto de 2010

Tesouros da infância








http://bichinhosdejardim.com/2010/07/

Eis que chega agosto tingido de amarelo e azul em graus centrígrados que mostram que o paraíso (do inverno) é aqui. Dá saudade dos dias vivos vividos e de uma certa ingenuidade e pureza de tempos em que, jamé, estaria madrugando num domingo pra finalizar artigos...