quarta-feira, 30 de março de 2011

Morte à espreita

Enquanto as cinzas de Ana Luísa (amiga soteropolitana que fez sua partida ontem) se espalham na 'cidade onde todo mundo é d´oxum' e alcançam os 'além dos além', sou tomada por uma enxurrada de emoções que me fazem sentir na pele a força e fragilidade da existência...
Como lidar com nossa finitude? Como potencializar a vida, mesmo com tantos perigos à espreita? Como fazer da partida uma passagem para 'os além dos além'? Como...

quinta-feira, 24 de março de 2011

A lua vem da Ásia

















noite a lua vem da Ásia, mas pode não vir, o que demonstra que nem tudo neste mundo é perfeito'.




Assisti a peça no CCBB e fiquei em suspensão, 'só na cocorinha' acompanhando a belíssima atuação de Chico Diaz, que sustenta o público durante 1 h e meia encarnando o narrador- personagem em seu monólogo nonsense e surrealista.

Baseado no livro do mesmo nome, de Campos de Carvalho, esta peça proporciona uma tumultuada viagem pelo complexo mundo disruptivo da loucura absurdamente lúcida e potente.

Na primeira parte, acompanhamos as derivas do personagem na prisão em busca de liberdade. O espaço restrito, o ar rarefeito, a automatização do cotidiando não conseguem capturar a alma, que transborda em discursos (des)conexos e velozes.

Na segunda parte, a expansão espacial que o leva a transitar por diversos lugares, imprime uma velocidade ainda maior do pensamento, através de múltiplos agenciamentos, que produzem vários transbordamentos: do personagem, do ator e também da plateia, que sente-se capturada por essa viagem, o que também leva a um certo esgotamento (pleno).

' Com direção de Moacir Chaves e supervisão geral de Aderbal Freire-Filho, A lua vem da Ásia é um espetáculo desconcertante que certamente abocanhará muitos prêmios
e aplausos em sua trajetória. " Paulo Ricardo Angelini em


Vejam alguns discursos extraídos do livro:

'Quando em 1934 atravessei sozinho o deserto de Iguidi, tendo por única companhiaum casal de borboletas, ocorreu-me a aventura mais surpreendente que pode ocorrera um homem vivo ou morto, e que procurarei resumir em três linhas. Foi o caso que um dia despertei transformado em mulher e, nessa qualidade, fui pouco depoisrecrutado para o harém do sultão de Marrocos, onde servi como pude durante um anoe 14 dias.'


'Em outra oportunidade (caso me arranjem uma outra garrafa) voltarei ainda aomesmo assunto, que pode parecer monótono a VV. Exas. mas que para nós é vital e direi mesmo único, que a morte do espírito é mil vezes mais trágica do que a mortedo corpo, e que o homem privado da sua liberdade de pensar e de amar vale menos doque a sua sombra num muro – a menos que se trate naturalmente de um muro juntoao qual ele esteja sendo fuzilado, com os olhos bem abertos e a cabeça erguida.'



Ficha Técnica:

Atuação e adaptação do texto: Chico Diaz
Direção: Moacir Chaves
Supervisão dramatúrgica: Aderbal Freire-Filho
Cenografia: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Maria Diaz Rocha
Iluminação: Renato Machado
Vídeos: Eder Santos
Trilha sonora original: Alfredo Sertã
Preparação vocal: Rose Gonçalves
Preparação corporal: Marcia Rubin
Assistente de direção e de dramaturgia: Gisela de Castro
Assistente de direção: Danielle Martins de Farias
Assistente de figurino: Viviane Casteleone
Assistente de vídeo: André Hallak
Operadora de som: Flavia Belchior
Direção de Produção: Julio Augusto Zucca
Elaboração do projeto: Gisela de Castro
Produção Executiva: Wagner Uchoa
Coordenação de Produção: Anna Ladeira
Captação de apoios: Valeria Alves
Realização: CCBB e Zucca Produções