segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Interstícios do dia e da noite

Os momentos que mais me afetam são aqueles que borram as fronteiras do dia e da noite, misturando cores, sons, cheiros, movimentos.
Como boa leoboqueirense, tenho fome de céu, de amplidão, de morros... e de perambular por aí, descobrir outros mundos... atravessar morros e erguer bandeiras como "vento negro, gente eu sou... quem vai embora tem que saber, é viração..."
Só agora me dou conta de que, desde que saí de Boqueirão e de Santa Cruz, há dez anos, é a primeira vez que a paisagem que contemplo pela janela é de morros e céu amplo. Isso graças ao arranha-céu que habito, na cobertura, 7o. andar. Nunca morei tão alto. Sempre preferi estar mais perto da terra, algo que desse a sensação de habitar uma casa.
Mas no Rio, avistar um morro pode ser sinal de perigo... moro perto dos Morros do Macaco e da Mangueira, que vivem intensos conflitos. De vez em quando ouço algum estampido. Mas quando os vejo, os sinto como morros amigos... negação? Na verdade, tenho medo é da polícia... de todas as formas policialescas...
Vou curtir o belo pôr-do-sol, ouvindo pela enésima vez Elephant Gun, do Beirut...

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