quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vestindo roupa de trapo



... Gestão de si e do mundo - a formação por um fio

Este foi o título da mesa-redonda que participei com Mônica e Bruno, colegas do doutorado, na ABRAPSO. Depois de muitos fios e trapos soltos, conseguimos boas costuras e o patchwork ficou lindo! hehehe
Inicialmente eu achava que não falávamos lé com cré... mas foi muito bonito o processo de construção do resumo, e principalmente nossas articulações na mesa, colocando a formação em análise e tentando romper com a lógica empresarial que tem atravessado as instituições. E foram muito interessantes as costuras que foram feitas durantes as falas... gerando bons debates!
Eu tava tensa por falar de uma pesquisa que ainda está germinal, mas consegui dar vida à todos os afetos que me mobilizam a pensar a experiência de migração de estudantes de pós-graduação em intercâmbio internacional e minha fala foi potente! Viva!
Vejam o resumo da mesa.

Esta mesa tem como objetivo pôr em discussão práticas de formação e os processos de gestão de si e do mundo, a partir de diferentes referenciais teórico-metodológicos e pautando-se em experiências institucionais diversas. Enredamo-nos, assim, entre trapos, interrogando para que servem. Com trapos, atribuímos sentido ao que a história não dá nenhuma importância, ao que se supõe sem funcionalidade. Em nossos campos de intervenção nas instituições educacionais nos inquietamos com a formação disciplinar que conduz os sujeitos a serem gestores de um si já dado na repetição de um mundo já constituído. Nas nossas pesquisas temos como foco o que se constitui como disruptivo, resistência ao esperado, ações aparentemente desconexas que emergem no limiar da existência, convocando à mudança. Dispomo-nos a recolher retalhos de experiências, farrapos de gente, fiapos que nos conduzam às histórias potentes que facultam a emergência de um devir outro. Para isso abordamos as experiências educacionais em algumas de suas múltiplas pontas, considerando nesta mesa: jovens em orientação profissional que procuram descobrir-se a partir das experiências escolares; professores que entre leis e hierarquia lutam para uma gestão de si no trabalho da docência; estudantes migrantes durante a realização de seus cursos de pós-graduação que buscam forças para fazer da estranheza um modo possível de vida. Trata-se de uma tessitura cujo propósito é interrogar os imperativos de transformação de si em debate com as normativas e padrões de eficiência apontadas como formação competente. O que está em jogo, então, nas demandas de escolha profissional, de definição de quem ser em meio aos modelos de sucesso? Como habitar inventivamente a escola pública na atualidade sem um devir outro no rigor e na eficácia? O que está em questão nas experiências de migração, no situar-se, quando tudo muda menos a aceleração das exigências adaptativas? Neste encontro, com fiapos de idéias, de afetos e de questões que a todo tempo nos convocam a pensar a formação, promovemos costuras tecidas entre os balaios da esquizoanálise, da análise institucional e de uma perspectiva discursiva. Privilegiando conceitos como os de experiência, acontecimento e polifonia, exercitamos um outro tempo, de coletivizar questões e escritas, com o foco no que escapa à cena empresarial da eficiência e da qualidade total, afirmando a criação de novos possíveis a partir do exercício da autonomia e de diferentes modos de gerir o pensar e o sentir a si mesmo e ao mundo.

Palavras-chave: formação, gestão, subjetividade


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