terça-feira, 10 de novembro de 2009

Invocação para um dia líquido

Depois de dias e dias de sol à pino perambulando em busca das franjas do mar, com versos e canções invocando dias líquidos, eis que agora Maria vê o céu transbordar...

Para comemorar, nada como a música do Cordel do Fogo Encantado, título deste post (como 'ainda não voltei do nordeste', resolvi dar uma 'subidinha' no mapa e pousar em Pernambuco, minha próxima morada (?!), depois que retornar da Espanha)

"O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
De só cantar quando chove*
Chover, chover
Valei-me Ciço o que posso fazer
Chover, chover
Um terço pesado pra chuva descer
Chover, chover
Até Maria deixou de moer,
Chover, chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Chover, chover
Cego Aderaldo peleja pra ver
Chover, chover
Já que meu olho cansou de chover
Chover, chover
Até Maria deixou de moer
Chover, chover
Banzo Batista, bagaço e banguê
Meu povo não vá simbora
Pela Itapemirim
Pois mesmo perto do fim
Nosso sertão tem melhora
O céu tá calado agora
Mais vai dar cada trovão
De escapulir torrão
De paredão de tapera**
Bombo trovejou a chuva choveu
Choveu, choveu
Lula Calixto virando Mateus
Choveu, choveu
O bucho cheio de tudo que deu
Choveu, choveu
suor e canseira depois que comeu
Choveu, choveu
Zabumba zunindo no colo de Deus
Choveu, choveu
Inácio e Romano meu verso e o teu
Choveu, choveu
Água dos olhos que a seca bebeu
Quando chove no sertão
O sol deita e a água rola
O sapo vomita espuma
Onde um boi pisa se atola
E a fartura esconde o saco
Que a fome pedia esmola**
Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu que amarrotou
Foi tanta água que meu boi nadou***

*Zé Bernardinho
**João Paraibano
***Toque pra boiadeiro

Composição: Lirinha; Clayton Barros
Cordel Do Fogo Encantado

Nenhum comentário:

Postar um comentário