E ainda há outras formas de prisões. Um menino criado em seu rico condomínio que não sabe pegar um ônibus e tem nojo dos que ali dentro transitam, está encarcerado e excluído do conceito comunitário de mundo; muitos ricos estão órfãos do conceito de solidariedade. A cultura da exclusão campeia a passos largos, ignorando os apelos da era de aquário que preconiza a união entre os povos e o poder da palavra, agora vivida em tempo real virtual entre os cinco continentes. Temos muito o que aprender. Para os que gostam de exemplos de celebridades, hoje vi o Michel Douglas, numa revista, levando a filha de sete anos para a escola. Como? De metrô. Mas para isso tem que haver, além de uma mentalidade que não despreze o coletivo, metrô ou outros transportes públicos que minimizem o caos das cidades. No Brasil este mal é geral. Brasília vive diariamente seu apartheid. Amo essa cidade. Ela sabe, e por isso mesmo, como diz bem o meu pai, acho que já é hora de Brasília produzir bens para o Brasil, além da arte, e de cessar esta “estadolatria”, que pendura todos na saia do governo, fazendo tudo continuar como está. Só pobre anda de ônibus e quem vem para o plano piloto, dependendo do horário, não pode voltar para sua satélite. Sitiado pela população de entorno sem prestígios, o miolo da cidade dorme e amanhece sob o divino céu, e sob a mesma ilusão.Infelizmente, isso não é privilégio da Capital não. Moro na Cidade Maravilhosa e na minha rua só mora rico. (estou infiltrada ali) É uma ladeira chique com belas casas. Quem nela caminha até o topo pode provar da experiência de atravessar a fronteira. O morro da Tabajara subiu tanto que encontrou o cume da minha rua Sacopã. Vizinhas inesperadas, encostadinhas uma à outra, a coisa é assim – acaba uma mansão começa uma favela: chão de terra, cachorros magros, crianças na as ruelas, e muitas caçambas de lixo fermentado de uma semana de abandono na entrada da comunidade. A bandeira da desigualdade hasteada a céu aberto. A comlurb passa quase todos os dias na minha rua, mas quando no final esta rua muda de classe social o caminhão para. Não vai lá não. Também param e não vão o esgoto, o saneamento, a água tratada. O Estado não entra ali. O caminhão representa o Estado. Estamos comemorando a vitoria da pacificação dos morros que fez eu achar uma costureira na favela e ir caminhando sem medo dentro dela. Muito bem. À exemplo do Rio, este parece ser o caminho são de uma parte da segurança de vários Estados que tem geografia social parecida com a dos cariocas. No entanto, existe outra prisão ainda ali. Vive-se privado de uma educação de excelência e outros benefícios culturais para o desenvolvimento integral de um cidadão. Quero rasgar esta bandeira que condena nossos jovens e seus pais à exclusão perpétua.'
http://www.escolalucinda.com.br/alira/?p=167
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