quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os famosos e os duendes da morte

Assisti este filme no festival de cinema universitário que rolou na Caixa Cultural- RJ no início de agosto. E, ao contrário do que Aurelius falou, achei o filme muito fofo! Que estética!!! Imagens e sons incríveis! Lindo demais!

Fiquei muito emocionada durante o filme e o bate-papo que rolou com o diretor, principalmente porque o filme reavivou diversas memórias da minha história de vida, principalmente da minha infância e adolescência. O filme foi gravado na região do Vale do Taquari, onde fica Boqueirão do Leão, minha terrinha e os atores são moradores da região. Cada figura!

Achei incrível como o filme aborda modos de subjetivação contemporâneos engendrados pelas novas tecnologias, que imprimem a conexão full time em um lugar onde o tempo demora para passar e parece estar em outra época!

Será que eu fui uma Emo dos anos 90? Me lembro de diversos estranhamentos que experimentava, de questionamentos parecidos com os do protagonista do filme... Na minha adolescência eu adora contemplar a natureza, mudava de quarto pra ver a lua cheia, escrevia poemas, músicas e fiz vários amigos por correspondência! Eita tempo gostoso aquele em que esperava dias, semanas e até meses para receber uma carta de um novo amigo! E as minhas longas cartas, que nunca tinham menos do que 10 páginas?

Também me emocionei ao ver a relação entre os jovens e os idosos, atravessada por dificuldades de comunicação, etc. Como não lembrar dos meus avós e de minha mãe falando em alemão para que nós não entendêssemos o que estavam falando?! Na conversa com o diretor, me dei conta de que os dialetos alemães estão morrendo, porque a tradição oral não tem sido transmitida às novas gerações. Eu sou um belo exemplo dessa ruptura, pois me recusei a aprender a falar em alemão por não querer falar 'erado' o português... ai ai quanto arrependimento!

O diretor, Esmir Filho, muito conhecido pelo curta "Tapa na pantera", paulistano urbanóide, se enfrunhou no interior do RS, nos vários sentidos de interior e conseguiu produzir um filme de uma sensibilidade impressionante, baseado no livro de mesmo nome, cujo autor é o protagonista do filme. Foi emocionante demais ver minha região e a cultura singular ganhando visibilidade através do cinema, circulando por vários países. As diversas fotos e vídeos que aparecem (e encantam) de uma garota lindíssima que habita o coração do personagem principal foram produzidas antes do filme acontecer e Esmir teve acesso a elas através de seu flickr na internet. Afinal 'estar perto não é físico'!

Enfim, filme para rever, pra ter em casa e usar em sala de aula pra promover debates potentes!


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