sábado, 16 de outubro de 2010

Dilma X Serra













Embora com várias semelhanças, não são farinha do mesmo saco! Definitivamente o PT não é mais o mesmo há anos (se é que um dia ele foi aquilo que eu pensava...), Dilma não é minha candidata predileta, mas... Serra não, minha gente!!!

Karatê Kid



Não contavam com a minha astúcia? hehehe
Pois é, creiam! Eu fui ao cinema feito gazela saltitante pra assistir esse filme, pra surpresa do Léo, que nunca pensou que este filme me interessaria. Ledo engano! Ele desconhecia a minha paixonite juvenil por Daniel Sam, do primeiro Karatê Kid, que realmente lutava karatê. Mas rapidinho entendeu a 'transferência' pra Smithinho, que atua incrivelmente nesta nova versão. Eu era uma das pessoas mais animadas no cinema, falando, xingando, gritando, aplaudindo, disputando com todos os moleques presentes na sala! hahaha
Achei fantástico o fato de o filme acontecer na China e ter ficado deslumbrada com as cenas na muralha da China e na cidade proibida. Além disso, achei muito interessante que o protagonista é um negro estadudinense lutando Kung Fu na China. E convenhamos, Kung fu é muuuuuuuito mais bonito que Karatê. Ainda mais do modo como foi apresentando, presente em todos os contextos, como um modo de vida. Aplausos pro Smithinho que já é um grande artista e certamente está dando e dará muito trabalho ao Smithão e a Smithona (produtores do filme e do moleque). Aplausos ao novo Sr Miyagi, Jackie Chan, no papel do conturbado Mr. Han, que utiliza técnicas esquisitas pra mostrar ao malandrinho que o Kung Fu está em tudo na vida.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ziraldo: os zeróis na tela grande



Esta exposição deixou o CCBB ainda mais lindo e colorido! Adorei! Espero que ela circule pelo Brasil!

As invasões bárbaras




Demorei muito tempo para conseguir ouvir meus amigos e assistir um dos filmes mais belos que já vi. O título simplesmente me afastava. E não sei porque raios eu pensava que era algo do tipo de Conan- o bárbaro... Mas que barbaridade, tchê! Digo agora, em forte gauchês! Belo exemplo de preconceitos que me atravessam e me empacam...

Até que um dia este filme chegou até mim através de Aurelius e fortemente comentado por pessoas próximas queridas e aí, depois de alguns cochilos e tentativas fracassadas, há cerca de um mês consegui finalmente vê-lo por inteiro e me permiti ser invadida por emoções que me tomaram de assalto, de modo sutil (sim, isto é possível)... O filme emociona muito, sem ser piegas, ao abordar temas que me são muito caros no meu trabalho e olhar psi, como doença em fase terminal, morte, sistemas de saúde, família, relacionamentos conturbados, posições políticas críticas, invenção de novos modos de relacionamento, drogas, etc, etc.

O filme canadense, de 2003, do diretor Arcand, ganhador do melhor filme estrangeiro, promove o reencontro de um grupo de amigos com experiência docente universitária (que passou por todos os -ismos), do filme O declínio do império americano (1986). Ao invés de sucumbirem ao drama da doença de Rémy, produzem outros modos de estar junto, potencializando a vida e suas memórias com muito humor.

A relação familiar, especialmente com o filho, também é abordada de modo belo, mostrando a aparente dicotomia entre o mundo capitalista e socialista, as diferentes formas de configuração familiar e ajuda a desmontar a necessidade de que a família tenha que ficar grudada para ser 'unida'. Preciso dizer o quanto me emociono com as falas da filha de Rémy, em alto mar? É da linha de que 'estar perto não é físico'...

Salvação

sábado, 9 de outubro de 2010

Tesouras, please!!!


Fragmentos do desejo






Sombras, gestos contidos, corpos expressivos, bonecos, teatro, dança, música, partidas de xadrez jogadas repetidamente por anos entre pai e filho, palavras mudas.... amores impossíveis.
Eis alguns fragmentos do grande espetáculo da Cia Dos à Deux, em cartaz no CCBB- RJ até o dia 24 de outubro. Apesar de uma certa linearidade e de relações de causa-efeito, o espetáculo é Im-per-dí-vel!
Vale a pena ver uma palhinha do espetáculo através do link:
http://www.youtube.com/watch?v=dEuK6pNGNlQ







CFP repudia a demissão de Maria Rita Kehl

No dia 2 de outubro de 2010, a psicanalista e psicóloga Maria Rita Kehl, colunista do jornal O Estado de S. Paulo publicou artigo intitulado “Dois pesos” no qual questionou a desqualificação do voto da população pobre e fez comentários sobre o programa Bolsa Família, do governo Lula. O texto gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias e culminou com a demissão da colunista no dia 6 de outubro. Segundo ela, a justificativa dada pelo jornal foi que Maria Rita cometeu um “delito” de opinião.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) repudia a demissão de Kehl, solidariza-se a ela e externa preocupação com a atitude do Estadão que, ao demitir uma articulista que se posiciona de maneira contrária ao discurso do jornal, fere o direito à liberdade de expressão e de pensamento. Ou não é para garantir a diversidade de opiniões que os jornais, além de editoriais, publicam artigos?

A grande mídia tem acusado o governo de cercear a liberdade de expressão e o Estadão há meses questiona um processo de censura. Entretanto, a demissão da colunista expõe a fissura entre o discurso da mídia que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão e suas práticas cotidianas, restritivas à liberdade de opinião.

http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_101007_002.html

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mídia, expressão e eleições



Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o Brasil Nunca Mais, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo – Jeca Tatu -; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.



Leonardo Boff - teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

Televisão

http://bichinhosdejardim.com/2008/08/

'Delito' de opinião


No bojo da polêmica acerca das afirmações do Lula sobre a tentativa de 'regulamentação' da imprensa e as acusações de censura e autoritarismo, eis que bombou na mídia (eu recebi e-mails de tudo quanto é canto) nesta semana a polêmica gerada pela demissão da psicanalista Maria Rita Kehl, colunista do Estado de São Paulo, que foi demitida do jornal após ter cometido um 'delito' de opinião. Uai, o problema não era o autoritarismo do presidente??? Vejam abaixo o texto 'delituoso' da 'criminosa':

DOIS PESOS

Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.


Somos todos iguais?


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dzi Croquettes





Com quase 1 ano de atraso, em setembro corri pro cinema pra assistir este documentário que já estava saindo de cartaz. E quase algumas décadas de atraso conheci a trajetória de um grupo simplesmente FAN-TÁS-TI-CO, que eu só ouvi falar por Aurelius durante o FESTRIO de 2009.
Pois é... evidências de tempos que se sobrepõem...

Este documentário, de Tatiana Issa, mostra a alegria e criatividade de um grupo de difícil definição, cujas experimentações artísticas (e de outros modos de vida, de contestar, de se relacionar, de amar...) enlouqueceram a cena carioca (mas poucos ouviram falar do grupo!!!) e incendiaram os teatros parisienses!!! Numa aposta intrigante de teatro, música, humor, circo, etc, os Dzis produziram um movimento irreverente, de contracultura, que abalou (e ainda abala) valores morais nas décadas de 70 e 80 (e um tiquinho na década de 90), especialmente sobre o homoerotismo, sem o peso mortífero e enfadanho de movimentos guetificantes. Acho tão lindo quem 'ama pessoas' e se abre a múltiplas experimentações!

Pior do que está... fica!

Será que o Tsunami verde chapou a população de SP e a fez rir tanto, levando a votar e eleger Tiririca?

O fenômeno do 'sempre pode ficar pior' é analisador do momento de descrédito, da tentativa de protesto, do descaso, do despreparo do brasileiro em votar, etc.

E o que dizer então da expressividade dos votos de Marina? Fiquei impressionada ao constatar que muitas pessoas próximas votaram nela (mas que agora não irão votar no Serra elétrica!!!) por entender que ela é uma pessoa séria, honesta, politicamente correta, etc, sem considerar as alianças que seu partido tem feito, seu discurso conservador e moralista e pererê, caixinha de fósforo.

Pra colocarmos em análise esse tsunami verde, compartilho o link de Lola, do blog 'Escreva Lola Escreva', onde ela analisa as eleições e chama os eleitores de Marina de ingênuos e bobões.

E compartilho um texto, de Maurício Abdalla, que tenho recebido de diversos amigos, de todos os cantos, que aborda a construção da Imaculada Marina e a sua significativa votação.

Marina,... você se pintou?

Maurício Abdalla [1]

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.
Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.


[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.